Revista de Vinhos

Vivemos tempos em que o vinho, símbolo milenar de partilha, cultura e convivência, volta a ser refém de decisões políticas que lhe são totalmente alheias. A ameaça, renovada em março, de uma tarifa de 200% sobre os vinhos e espirituosos europeus no mercado norte-americano – agora adiada para meados de abril – reacende um conflito comercial que nunca deveria ter chegado às garrafas. A pressão fiscal sobre os vinhos europeus nos Estados Unidos não é nova. As chamadas “taxas Trump”, ainda que suspensas ou revistas ao longo dos últimos anos, deixaram marcas profundas num mercado que representa um dos principais destinos para os produtores europeus – e uma âncora essencial para muitos produtores portugueses, franceses, espanhóis ou italianos. Desta vez, porém, o cenário assume contornos mais preocupantes: há importadores norte-americanos…

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Situar as Astúrias. Sim, a sua cultura da sidra foi reconhecida como Património Mundial pela UNESCO em dezembro passado - o que seria suficiente para mais do que um artigo - mas queremos concentrar--nos nos vinhos. Sim, porque Astúrias é também uma terra de vinhos. Localiza-se na sua zona sudoeste. Para caracterizá-la como uma das grandes reservas naturais de Espanha: uma zona que, na sua maior parte, foi declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO. Aqui está Muniellos, a floresta de carvalhos mais bem preservada da Europa e onde se encontra a principal população de ursos pardos da Europa Ocidental, a saber: Parque Natural de Somiedo, Teverga e Parque Natural de las Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias. O Vinho de Cangas - hoje com DOP - foi multipremiado internacionalmente e…

Quando comecei a escrever sobre vinhos, enquanto amador entusiasta, em meados da década de 1990, o mundo do vinho era bem diferente. Certamente o era no Reino Unido, um grande ‘hub’ para vinhos caros, onde os vinhos de topo eram uma noção restrita a França, Itália, partes de Espanha (principalmente Rioja), Vinho do Porto e os exemplares mais chiques de Napa, Califórnia. Era um clube, e subsistia toda uma indústria construída em torno desses vinhos, da sua guarda e comércio. Era inteiramente possível trabalhar como vendedor para clientes privados num comerciante londrino de vinhos e não saber nada sobre os vinhos exteriores àqueles limites. Atualmente, o mundo do vinho é muito mais amplo. Vinhos que — por qualquer definição sensata — seriam classificados como de ‘topo’ são feitos em muitos…

Qual o papel dos guias gastronómicos em 2025? Fazem sentido numa altura em que a maioria dos interessados prefere obter informação diretamente através das redes sociais? Vale a pena continuar afazero esforço financeiro para imprimi-los em papel? São perguntas para as quais não tenho resposta clara. Pela minha idade pertenço à geração do papel. Gosto de tocá-lo. Gosto de lê-lo. Mas entendo que os custos são demasiado elevados e o futuro é complicado. Na verdade, a diretora de comunicação da Michelin para Espanha e Portugal, Mónica Ríus, confessou-me recentemente que é muito possível que o guia vermelho deixe em breve de ser publicado no atual formato de papel para se concentrar apenas na web. Más notícias para os colecionadores destes guias, que são muitos. Por um exemplar do guia Michelin…

Recebi o convite para participar na apresentação dos derradeiros vinhos da autoria de Domingos Soares Franco pelas mãos do próprio e à moda antiga: em carta manuscrita, com um texto de sentimento que certamente não terá sido escrito de ânimo leve, à margem da mais recente cerimónia de anúncio e entrega de prémios “Os Melhores do Ano” pela Revista de Vinhos, na Alfândega do Porto. Nesse instante comprometi-me com a presença, no dia 20 de março de 2025. Quis a tempestade de véspera que os planos iniciais, previstos para os vetustos armazéns da Casa-Museu da José Maria da Fonseca (JMF), não se pudessem concretizar. Por isso, a apresentação oficial dos derradeiros vinhos da autoria de Domingos decorreu na adega de barricas do bem mais recente Centro de Vinificação Fernando Soares…